A largada da caravana

A Caravana de Minas teve início oficialmente na última segunda-feira, dia 5, em Belo Horizonte. Cerca de 150 pessoas participaram do ato de abertura na sede do Sind-Rede, o sindicato dos professores de Belo Horizonte. Representantes de movimentos sociais, sindicatos, organizações e comunidades impactadas pela mineração trocaram experiências e saudaram o início oficial da caravana rumo ao I Encontro Internacional dos Atingidos pela Vale, no Rio de Janeiro.

Não tinha como ser diferente: o debate girou em torno dos impactos causados pela Vale e das possíveis estratégias de enfrentamento e resistência. Os ativistas analisaram casos que envolvem danos irreversíveis à biodiversidade e aos mananciais de regiões antes preservadas. A violação de direitos humanos de comunidades que são forçadamente retiradas destas áreas também foram pontos lembrados, assim como a terceirização excessiva da mão-de-obra e o desrespeito aos direitos trabalhistas , que resulta na precarização das condições de trabalho.

“Foi extremamente gratificante ouvir as intervenções. Tinha gente de várias partes do mundo e os militantes de Minas puderam conhecer diferentes experiências dentro desta luta contra a Vale”, disse a bióloga Isabela Cançado, do Movimento Pelas Serras e Águas de Minas.  Ela é uma das organizadores da Caravana. “Foi uma grande troca. Fizemos questão de expor às pessoas de outros estados e de outros países os crimes socioambientais causados por interesses econômicos e muitas vezes amparados pela política governamental”, avaliou.

Para  Moisés Silva, também organizador da Caravana e militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), a concessão de licenças para grandes empreendimentos está diretamente relacionada a interesses econômicos e políticos. “O processo de licenciamento de um projeto de mineração é feito debaixo de muita pressão e, em geral, é conduzido com a intenção clara de favorecer grandes corporações, que são as maiores financiadoras de campanhas eleitorais”, disse. Ele lembrou em seguida que a própria Vale fez doações à campanha do governador  mineiro Aécio Neves.

Ao final do evento, os participantes foram convidados a continuar os debates sobre a Vale e a se integrarem à Caravana, que chega ao Rio de Janeiro no dia 11 de abril.

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