O mês de agosto será crucial para o futuro do Brasil – e do mundo, quem sabe. Não um futuro distante, desses de ficção científica, mas um futuro real, tão básico e imediato quanto acordar um dia após outro e ter a certeza de que haverá oxigênio pra respirar e água doce pra beber.
Em agosto estão previstas discussões e ações no âmbito legislativo federal que podem colocar em risco – ou fortalecer – os direitos dos povos indígenas e a defesa de seus territórios. Esses direitos têm sido atacados há décadas por diferentes governos e setores econômicos, mas nunca com a virulência e poder de destruição do atual governo federal.
Por isso, o episódio #10 do podcast Vozes que Vale(M)!, que lançamos dia 30 de julho, traz detalhes sobre as principais investidas no âmbito legislativo de grupos políticos e empresariais contra os povos indígenas, e a necessidade urgente de defender os direitos e a permanência desses povos – verdadeiros donos da terra – em seus territórios ancestrais.
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E o que essa defesa tem a ver com oxigênio pra respirar e água pra beber?
Tudo.
Basta dizer que há quase dois anos vivemos imersas/os na pandemia de um vírus letal, e que na raiz dessa pandemia está, entre outros fatores, o desequilíbrio causado pelos desmatamentos que favorecem o agronegócio, a monocultura, a grilagem, a exploração mineral e o latifúndio. Historicamente, onde há devastação ambiental, há expulsão e morte dos povos originários e quilombolas. São os modos de vida e relação de proteção e co-dependência desses povos para com os demais seres vivos que garantiram e garantem, há séculos, as matérias-primas básicas da vida humana: oxigênio, água doce e alimento.
E como se isso não fosse o bastante, ainda há a dimensão histórica que coloca sobre cada não-indígena o dever de defender os direitos dos povos originários. É preciso reconhecer que o Brasil é uma invenção colonial, assentada no saque e na violência perpetrados pelos invasores europeus – e continuados pelos seus descendentes brasileiros – contra os povos originários de Pindorama.
Portanto, o mês de agosto nos abre uma oportunidade: a de que o Brasil comece a devolver a Pindorama o que vem lhe roubando há mais de 500 anos.