No mês em que refletimos sobre a luta diária das mulheres pelo respeito e garantia dos seus direitos, nós, da Articulação Internacional dos Atingidos e Atingidas pela Vale (AIAAV), que produz o podcast Vozes que Valem, conversamos com três companheiras de Antônio Pereira, distrito de Ouro Preto, Minas Gerais, que buscam ser reconhecidas como atingidas pela Vale e assim garantirem a justa reparação pelas violações cometidas pela empresa.
A Vale desestruturou a vida dessas três mulheres e de outras milhares de pessoas de Antônio Pereira. Em 2020, a barragem Doutor, que faz parte da mina de Timbopeba, teve seu nível de emergência elevado para dois – o nível vai até três.
Com isso, pelo menos 176 famílias do território foram obrigadas pela empresa a deixar suas casas. A barragem não se rompeu, e o risco de emergência foi rebaixado ao nível 1, quando não há indicação de remoção.
No entanto, quem permaneceu no território teve a vida interrompida pelo medo diário de que a barragem se rompa, como aconteceu em Mariana e Brumadinho.
A Vale não entende que as pessoas que vivem em Antonio Pereira são impactadas. A empresa admite como impacto apenas a remoção, e ignora a perda de renda, a ruptura de laços familiares, as doenças físicas e psíquicas e o tormento diário de quem vive com medo aos pés de uma barragem de rejeitos construída à revelia sobre sua cabeça.
Nos depoimentos, você ouvirá verdades que não aparecem nas ações de marketing e nos relatórios públicos da Vale. Nossas companheiras não serão identificadas pelo nome por motivos de segurança.