Nesta segunda-feira (26/10) durante audiência de Barão de Cocais, no Quadrilátero Aquífero mineiro, foi determinada a continuidade por mais um ano da renda mínima e do aluguel social aos atingidos pela lama invisível . Neste mês de outubro estava previsto o término dos pagamentos feitos pela Vale, com a justificativa da mineradora de não haver mais necessidade para nova prorrogação do benefício. Estiveram presentes na audiência, representantes da comissão de atingidos e atingidas, a Vale e instituições de justiça.
“A renda mínima inclui um botijão de gás e um cartão-alimentação. A Vale queria acabar com isso e cortar também o pagamento do aluguel das casas aqui na cidade, como uma forma de pressionar a venda de nossas casas que foram evacuadas.”, explicou a líder comunitária Elida Couto, moradora da comunidade de Socorro que hoje reside no município de Barão de Cocais.
Para a comissão de atingidos e atingidas e representantes da Defensoria Pública e Ministério Público Estadual ainda há necessidade da realização do pagamento emergencial porque não houve comprovação de restabelecimento das condições socioeconômicas das pessoas atingidas e que o auxílio deve ser pago até que sejam alcançadas condições de vida mais dignas.
“Foi uma conquista dos atingidos e atingidas, mas entendemos que a Vale mais uma vez constrói uma imagem de responsabilidade social frente aos acionistas que não condiz com suas práticas neste processo de reparação. A empresa vem tentando fazer acordos individuais ou pressionando as comunidades a aceitarem suas proposições”, ressalta Juliana Bavuzo, militante das Brigadas Populares.
Apenas duas semanas após o rompimento em Brumadinho, 492 moradores de quatro comunidades rurais de Barão de Cocais tiveram que sair forçados de suas casas na madrugada do dia 08 de fevereiro de 2019, após o sinal de alerta de um possível rompimento da barragem Gongo Soco. A barragem não se rompeu, mas a população viveu o pânico e sofre até hoje com muitos prejuízos causados pela atuação da mineradora.
Atingidos e atingidas diferentes, tratamento igual pela mineradora
Movimentos de atingidos e atingidas em Brumadinho também foram às ruas na semana passada contra o fim dos pagamentos dos auxílios emergenciais pela Vale. São dois processos em curso diferentes de reparação. Mas o modelo de reparação da empresa segue sendo autoritário nos dois contextos citados.
No último dia 22 de outubro aconteceu uma audiência extraordinária de conciliação entre representantes da empresa, Defensoria Pública, Ministério Público Estadual (MPE) e governo do estado para tratar além do auxílio emergencial, das ações de indenização individuais do crime em Brumadinho.
A reunião revoltou os moradores porque foi chamada sem a participação de nenhum representante da população afetada pelo rompimento da barragem. Ficou definido então o adiamento da decisão sobre os pagamentos. A próxima rodada de negociação vai acontecer no dia 17 de novembro, agora, com a perspectiva de participação dos atingidos.