Os bombeiros que participam das buscas às vítimas da tragédia provocada pelo rompimento da barragem da mineradora Vale em Brumadinho passaram a usar máscaras no trabalho de resgate para suportar o mau cheiro.
A lama tóxica da Vale varreu a comunidade e o centro administrativo e do refeitório da mineradora. Entre as vítimas, estão pessoas que moravam no entorno e funcionários da Vale. Vegetação e rios foram atingidos.
De acordo com a assessoria de comunicação dos bombeiros, as máscaras de proteção têm dupla função: evitar a inalação de eventuais resíduos tóxicos e amenizar o mau cheiro proveniente dos corpos em decomposição.
O porta-voz do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, tenente Pedro Aihara, comentou o aumento das dificuldades do trabalho. “Em primeiro lugar, é bem impactante. Pela força da lama, muitas vezes não é possível encontrar o corpo íntegro. Muitas vezes são localizados segmentos de corpos”, afirmou.
Segundo ele, o fato de o ambiente estar “tomado de lama” torna difícil “identificar o que é um corpo, o que pode ser matéria orgânica de um animal”.
“Às vezes, na busca visual no sobrevoo, como a gente tem aquele tom todo monocromático, isso também prejudica. Por isso que a gente utilizou uma série de equipamentos específicos. Os corpos que estavam no nível superficial – já foi feito o trabalho de recuperação deles. Agora entra numa característica mais técnica da operação, que a gente precisa fazer várias escavações.”
O tenente Pedro Aihara destacou ainda que os militares estão sendo submetidos a um rodízio para que possam descansar.
“Os militares não estão há seis dias ininterruptos. Estão numa lógica de rodízio, mas evidente que pelo tipo de operação e pela demanda que a gente tem é um serviço extenuante”, descreveu.
“A abnegação desses profissionais demonstra muito o esforço e a preocupação que a gente tem de trazer esses corpos da maneira mais respeitosa e rápida possível.”