Brasil: Defensores da floresta na mira de redes criminosas

Violência e impunidade colocam em risco os compromissos do Brasil sobre mudança climática

O desmatamento na Amazônia brasileira é impulsionado em grande parte por redes criminosas que usam da violência e intimidação contra aqueles que se colocam em seu caminho, enquanto o governo fracassa em proteger tanto os defensores quanto a própria floresta, disse Human Rights Watch em um relatório divulgado hoje.

O relatório de 169 páginas, “Máfias do Ipê: como a violência e a impunidade impulsionam o desmatamento na Amazônia brasileira”, examina como o desmatamento ilegal por redes criminosas e as consequentes queimadas estão relacionados a atos de violência contra defensores da floresta e ao fracasso do Estado em investigar e punir os responsáveis por esses crimes.

“Os brasileiros que defendem a Amazônia enfrentam ameaças e ataques por parte de redes criminosas envolvidas na extração ilegal de madeira”, disse Daniel Wilkinson, diretor de direitos humanos e meio ambiente da Human Rights Watch. “A situação só está piorando com o presidente Bolsonaro, cujo ataque aos órgãos de proteção do meio ambiente coloca em risco a floresta e as pessoas que ali vivem.”

As redes criminosas têm a capacidade logística de coordenar a extração, o processamento e a venda de madeira em larga escala, enquanto empregam homens armados para intimidar e, em alguns casos, executar aqueles que buscam defender a floresta, constatou a Human Rights Watch.

Em 23 de setembro de 2019, a Organização das Nações Unidas realizará uma cúpula em Nova Iorque para discutir os esforços globais voltados a mitigar as mudanças climáticas. Como contribuição a esses esforços, o Brasil se comprometeu, em 2016, a dar fim ao desmatamento ilegal na Amazônia até 2030.

A Human Rights Watch entrevistou mais de 170 pessoas, incluindo 60 membros de povos indígenas e outros moradores dos estados do Maranhão, Pará e Rondônia. Os pesquisadores também entrevistaram dezenas de servidores públicos em Brasília e na região amazônica, incluindo muitos que forneceram um visão de dentro do governo sobre como as políticas do presidente Bolsonaro estão prejudicando a fiscalização ambiental.

Durante seu primeiro ano no cargo, o presidente Bolsonaro retrocedeu na aplicação das leis de proteção ambiental, enfraqueceu as agências federais responsáveis, além de atacar organizações e indivíduos que trabalham para preservar a floresta.

Leia a matéria na íntegra e assista ao vídeo em HRW

Últimas notícias

É preciso pisar o chão e ouvir a terra

É preciso pisar o chão e ouvir a terra

A liderança quilombola Anacleta Pires da Silva, do Território Santa Rosa dos Pretos (MA). Foto: Andressa Zumpano Anacleta Pires da Silva é orientada pela terra, de onde brota sua inspiração, força e sabedoria para travar lutas pelo bem-viver coletivo, pelo acesso aos...