Comunidades que vivem às margens rio denunciam insegurança em relação à qualidade da água, durante visita de integrantes da Comissão Estadual de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados e do Centro de Referência em Direitos Humanos – CRDH Norte.
O Centro de Referência em Direitos Humanos – CRDH Norte, participou da visita de representantes da Comissão Estadual de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados a comunidades do Norte de Minas que vivem às margens do Rio São Francisco. A atividade aconteceu na última segunda-feira (10), quando, num primeiro momento, foi realizada uma visita à comunidade vazanteira, pesqueira e quilombola de Croatá, em Januária. Em seguida, o grupo se reuniu na Câmara de Vereadores de Januária para um momento de escuta coletiva de moradores de outras comunidades da região.
Na reunião na Câmara, participaram moradores de comunidades dos municípios de Pedras de Maria da Cruz, Januária, Itacarambi, São Francisco, Manga e outros, as quais vêm sofrendo com os impactos do rompimento da barragem de Brumadinho. Participaram ainda representantes de organizações e de movimentos sociais.
Os moradores aproveitaram a presença da deputada estadual Leninha (PT-MG), presidente da Comissão Estadual de Direitos Humanos da ALMG, e do deputado federal Padre João (PT-MG), vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minoria da Câmara dos Deputados, para realizar denúncias das violações de direitos humanos que vêm sofrendo. Dentre as principais dificuldades encontradas pelos ribeirinhos, está a insegurança em relação à qualidade da água do Rio São Francisco.
Segundo os relatos, todos os dias a água do rio apresenta cores e densidade diferentes, o que leva à suspeita de que a lama da barragem da Mina do Córrego do Feijão está sendo jogada no rio aos poucos. Além disso, algumas espécies de peixes estão ficando cada vez mais escassas e a venda do pescado diminuiu, uma vez que a população teme o consumo devido à suspeita de contaminação dos animais. Consequentemente, as famílias vêm enfrentando dificuldades para manter a sua subsistência, suas relações identitárias e tradicionais com o Rio e estão com sua autonomia e segurança alimentar comprometidas.
Também foram apresentadas demandas por caixas para armazenamento de água potável nas comunidades, tecnologia social conhecida como cisternas de placa. Embora tenham um rio passando no fundo de suas casas, as populações que vivem às margens do São Francisco não se sentem seguras para consumir suas águas. Foram apresentadas demandas sobre a contaminação do Rio por agrotóxicos usados na monocultura e por empreendimentos de mineração, como o da Votorantim. Nas palavras de um vazanteiro: “não é só barranqueiro e pescador não, o São Francisco é uma causa de todos os povos”.