A impressão geral no I Encontro Internacional dos Atingidos pela Vale é uma só: a de que as denúncias e a indignação dos funcionários e dos moradores das regiões afetadas pela atuação da transnacional se repetem em diferentes países e regiões.
A situação vivida em Moatize, Mocambique, é crítica. Cerca de 1100 famílias serão deslocadas com a instalação de um projeto que visa à exploração de dois tipos de carvão: metalúrgico e técnico. As comunidades estão sendo removidas pela Vale e travam uma luta por negociações e indenizações justas. É constante por parte da Vale o desrespeito aos direitos culturais e à identidade com o território , como exumação de corpos e deslocamento de atividades econômicas locais.
Além disso, a estrutura oferecida pela empresa não costuma ser como prometida. “As casas em que nos colocaram são feitas em apenas três dias por pedreiros capacitados em um mês e meio. São péssimas condições de moradia”, disse Fernando Raice. Ele pertence ao sindicato que reúne trabalhadores moçambicanos da mineração, madeireiras e da construção civil.
O cartunista Carlos Latuff conversou com moçambicanos presentes ao Encontro. Após uma troca de ideias, nasce esse desenho que representa bem a ação da Vale junto a essa população africana. “Areia nos olhos” é uma expressão muito utilizada em Moçambique em referência ao ato de enganar. Bela crítica!