Empregados da Vale denunciam que estão trabalhando na busca de corpos

Sindicatos que representam a categoria entraram com um pedido na Justiça por danos morais

Mais de 50 funcionários da mineradora Vale protestam, na tarde desta segunda-feira (19), na porta do Fórum da Justiça do Trabalho de Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, onde acontece uma audiência após uma ação dos colaboradores por danos morais depois do rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, no dia 25 de janeiro.

“A Vale não considera que nós também somos vítimas. Essa é a segunda audiência. Após o rompimento, nós voltamos para o lugar de ruptura e estamos lá procurando, junto com os bombeiros, os nossos amigos que ainda estão desaparecidos”, explicou Éder Diniz, de 38 anos, técnico especialista de mina e geologia – funcionário da empresa há 11 anos.

Segundo ele, os trabalhadores se revezam em quatro turnos, sendo 80 funcionários por horário.

“Não temos nenhum treinamento, trabalhamos com o nosso uniforme normal. Além disso, às vezes, somos hostilizados em Brumadinho por alguns moradores”, explicou.

Os sindicatos representantes da categoria ingressaram com a ação na Justiça, mas o valor solicitado por eles não foi divulgado.

Sobreviventes

Entre os trabalhadores que protestam na porta do fórum estão funcionários que, por muito pouco, não perderam a vida.

O técnico de mina e geologia Marcos Roberto, de 35 anos, estava no refeitório da Vale com mais quatro amigos quando ocorreu o rompimento da mina.

“No dia nós fomos almoçar mais cedo e sentamos em um lugar diferente. Escutamos um movimento estranho e saímos correndo sentido portaria. Eu caí por duas vezes. Já estava desistindo e o meu pensamento era só de não sofrer. Aí tive ajuda de um amigo para correr mais. No entanto, perdemos três amigos que trabalhavam no mesmo setor”, explicou.

Na porta do fórum, os manifestantes colocaram diversas frases. “Depois de tudo não vale nos abandonar”, “A Vale não valoriza quem faz a nossa empresa” e “Não morremos por sorte” são alguns dos dizeres estampados na porta.

Reportagem na íntegra em O Tempo.

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