Para mulheres impactadas por megaprojetos, as afetações que recaem sobre seus corpos-territórios têm peso ainda maior do que para os homens, porque são amplificadas pela estrutura patriarcal e racista que atravessa a existência feminina desde o nascimento.
Isso é o que mostra o estudo “Mulheres atingidas: territórios atravessados por megaprojetos”, publicado pelo Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul, o Pacs.
Lançada oficialmente dia 25/03/21, durante o mês em que se reflete sobre o Dia Internacional da Mulher, a publicação está inserida na campanha #MulheresTerritóriosDeLuta, que discute práticas de resistências marcadas e vividas desde os corpos das mulheres afetadas por grandes empreendimentos.
No EP#06 do podcast Vozes que Vale(M)!, entrevistamos mulheres de diferentes lugares do Brasil e também de Moçambique sobre como megaprojetos atravessam suas vidas.
SOBRE O ESTUDO “MULHERES ATINGIDAS”
O livro traz conflitos socioambientais e os impactos específicos vividos por mulheres em contexto de atuação de megaprojetos em cinco estados brasileiros (RJ,MG, PA, MA e PE), além da sistematização de dois casos latino-americanos, um na Guatemala e outro no Haiti.
As violações direcionadas aos corpos-territórios se amparam em estratégias alimentadas pelo mesmo patriarcado que extrai valor sem remuneração das mulheres que cuidam da reprodução de suas famílias. Qualquer esforço que vise a ampliação de direitos no contexto de operação de empresas e megaprojetos precisa sentir-pensar desde esses lugares.
O trabalho, totalmente orquestrado por mulheres, faz um resgate histórico-documental desses territórios e das transformações vividas com a chegada dos megaprojetos.
Faça download do livro aqui.
SOBRE A CAMPANHA #MulheresTerritóriosDeLuta
Mulheres territórios de luta é uma campanha organizada pelo Instituto Pacs e que tem o objetivo de apresentar o caminho das lutas e práticas de resistências marcadas e vividas desde os corpos das mulheres atingidas pelos megaprojetos de desenvolvimento. São discutidos territórios impactados por complexos industriais, megaempreendimentos de mineração e siderurgia, hidrelétricas, grandes obras de infraestrutura, agronegócio, especulação imobiliária e militarização. São corpos atravessados por esses megaprojetos e que perdem seus lugares de morada, suas comunidades, seus meios de produção e reprodução da vida, suas formas tradicionais de viver.
A Campanha Mulheres Territórios de Luta apresenta a potência de vida e luta dessas mulheres-territórios em forma de imagens, textos, vídeos, ilustrações, fotos, cartilhas, livros, falas, debates, lambes, anedotas, mitos, risos, de tudo um pouco. É o pulsar luta e vida no ecoar de vozes de muitas mulheres. São Bertas, Marielles, Nicinhas, Anas, Veras, Sandras, Angelas, Silvias, Teresas, Raqueis, Panchas, Luizas, Saras, Rosas, e tantas outras.
FICHA TÉCNICA DO EP #06
Apresentação: Silvia Mirian, moradora e atingida pela Vale em Itabira, Minas Gerais.
Produção: Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul, o Pacs; Articulação Internacional dos Atingidos e Atingidas pela Vale
Edição: A Toca Audiovisual