Exploração da mineradora em números

O advogado Guilherme Zagallo, da Campanha Justiça nos Trilhos, participou do I Encontro Internacional dos Atingidos pela Vale nesta terça-feira (13/4). Ele apresentou dados que comprovam irregularidades do leilão da mineradora. O primeiro deles é a avaliação feita à empresa, que permitiu que ela fosse vendida por um preço abaixo do que realmente valia. Apesar de seu patrimônio líquido ser, na época, de R$ 10 bilhões, a antiga estatal foi vendida por apenas R$ 3,3 bilhões.

Além disso, suas reservas minerais consistiam, em 8 de maio de 1995, em 41,2 bilhões de toneladas de reserva minério de ferro, quantia que, no ano seguinte, foi reavaliada em 28 bilhões de toneladas. “Isso certamente foi feito já preparando o terreno para a privatização, porque essa quantia não foi subtraída de maneira alguma nesse período, portanto não teve como ter sido reduzida”, avaliou.

Zagallo lembrou também dos prejuízos sociais e ambientais provocados pela empresa. A Vale emite quantidades altíssimas de poluentes por ano: em 2008 foram 16,8 milhões e toneladas de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, o que gera sérios problemas de saúde na população. A mineradora é responsabilizada ainda por uma série de atropelamentos ferroviários. Em 2007, foram contabilizados 23 mortos; em 2008, foram registradas nove mortes e 2860 acidentes.

Existe ainda o impacto nas comunidades, que estão localizadas ao longo do percurso das ferrovias e vêm sofrendo em silêncio com essa situação. O advogado ressaltou que grande parte desses crimes não consiste em objeto de investigação por parte do Poder Judiciário.

Para Guilherme Zagallo é necessário estimular a cobrança da responsabilidade criminal dessas empresas. Acho possível sim construirmos um enfrentamento efetivo. Além da organização e mobilização das comunidades, é preciso sua articulação com os movimentos sociais, pesquisadores, professores das Universidades, Ministério Público, sindicatos, e outros setores da sociedade”, concluiu.

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