ICMBio autoriza expansão da Vale em Carajás

A Vale deu um passo importante no projeto de expandir a produção de minério de ferro na Serra Norte de Carajás, no Pará, onde hoje estão concentradas as operações da empresa na região.

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) autorizou, na sexta, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) a conceder à Vale o Licenciamento ambiental para ampliar as operações nas minas N4 e N5, em Carajás.

A licença, quando for emitida pelo IBAMA – o que pode ocorrer a curto prazo -, será resultado do chamado Estudo Global das Ampliações (EIA Global) apresentado pela Vale ao órgão ambiental federal. A licença para ampliar as minas N4 e N5 deve liberar 1 bilhão de toneladas de minério de ferro em reservas para a Vale, na Serra Norte. “As análises do IBAMA já foram finalizadas e a tomada de decisão final depende da manifestação do ICMBio”, disse o IBAMA, em nota. A autorização foi aprovada pelo presidente do ICMBio, Roberto Vizentin, na sexta, mas à noite o IBAMA ainda não havia recebido o documento. “A partir do recebimento da autorização, o IBAMA irá avaliar seu conteúdo para definir o escopo da licença ambiental”, disse o IBAMA na nota.

A licença permitirá à Vale ampliar a exploração em áreas vizinhas às minas hoje em atividade nos “corpos” N4 e N5. As novas jazidas incluídas no EIA Global, algumas delas ainda intocadas, são as minas N4WS e N5S, esta em operação com restrições desde 2012, além de Morro I e Morro II. A Vale aguarda com expectativa a concessão da licença, assim como o mercado. A Vale ficou muito tempo sem obter licenças ambientais até o ano passado, quando o IBAMA concedeu a licença de instalação para o projeto S11D, o maior da história da companhia, na Serra Sul de Carajás. A Vale não quis comentar a autorização do ICMBio.

Marcelo Marcelino, diretor de pesquisa, avaliação e monitoramento da Biodiversidade do ICMBio, disse que a autorização do instituto ao IBAMA é uma condição prevista na lei 9.985, de 2000, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza. As reservas da Vale em Carajás situam-se dentro da Floresta Nacional de Carajás (Flona), gerida pelo ICMBio. Marcelino disse que a autorização do ICMBio inclui condicionantes que serão verificadas e incorporadas na licença prévia a ser emitida pelo IBAMA.

Uma das condicionantes é o avanço de estudos da área de canga, um dos dois Ecossistemas da Flona. O outro é a floresta. A canga é uma savana adaptada ao solo rico em ferro e possui Fauna e Flora típicos. “Nossa maior preocupação é que testemunhos [amostras] de canga na Flona sejam preservados. E que esses testemunhos garantam a conservação de elementos da Biodiversidade, como animais e plantas.” A meta do ICMBio é concluir até o fim do ano estudo que vem sendo feito com a Vale para definir áreas “mínimas” de canga na Flona. Marcelino disse que foi possível autorizar as expansões nas minas N4 e N5, “sem risco”, porque há outras áreas com Biodiversidade similar na canga da Flona. O desafio é buscar a compatibilidade entre mineração e Biodiversidade na Floresta Nacional de Carajás, que ocupa área total de 392.725 hectares. Desse total, 11.380 hectares correspondem à canga, segundo o ICMBio.

Nas contas do instituto, as expansões nas minas N4 e N5 mais a exploração do projeto S11D vão aumentar de 21% para 34,6% a supressão da área de canga na Flona. “Mesmo assim não há risco ainda de perda da Biodiversidade”, disse Marcelino. Outra discussão em Carajás é a mineração perto de cavernas, classificadas por lei em categorias. Há cavernas consideradas de baixa, média, alta e máxima relevância. As de máxima relevância não podem ser suprimidas.

Técnico do setor disse que as minas N4WS e N5S são “corpos robustos” em termos de reservas, mas com impactos em cavernas. O técnico disse ter dúvida se o IBAMA poderia optar por conceder licença “restritiva” à Vale nessas minas. Mas a Vale tem como compensar cavernas suprimidas na Flona por outras preservadas em áreas que está comprando na floresta da Bocaína, perto de Carajás. A Vale avaliou, recentemente, que se a licença de ampliação para as minas N4 e N5 for ampla, como espera, a situação das licenças ambientais em Carajás estaria resolvida por um horizonte longo de tempo.

No começo deste ano, o diretor-executivo de ferrosos e estratégia da Vale, José Carlos Martins, disse, em teleconferência, que as minas N4 e N5 exploradas hoje em Carajás têm juntas volume de reservas de 2,78 bilhões de toneladas. Com o EIA Global, a Vale estaria liberada para explorar 1,6 bilhão de toneladas ou quase 60% das reservas de ferro na região. O volume de reservas hoje liberado para exploração nos “corpos” N4 e N5 é de cerca de 600 milhões de toneladas, disse Martins na ocasião. A licença do IBAMA pode liberar, portanto, 1 bilhão de toneladas em reservas para a Vale na Serra Norte de Carajás.

Fonte: Valor Econômico

Ver: http://http://www.cliptvnews.com.br/mma/amplia.php?id_noticia=68312

Últimas notícias

Votos das Acionistas Críticas 2024

Votos das Acionistas Críticas 2024

A Articulação Internacional dos Atingidos e Atingidas pela Vale (AIAAV) lança hoje (06/12) o Cadernos de Votos das Acionistas Críticas compilando os votos apresentados e 2024 durante a Assembleia Geral de Acionistas realizada pela Vale. Os votos são apresentados na...

Articulação Internacional dos Atingidos e Atingidas pela Vale (AIAAV)
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.