Lançado dossiê sobre impactos e violações da Vale

Nesta quinta-feira (15/ 4), a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) recebeu mais de 150 ativistas dos cinco continentes em audiência pública. Na ocasião, foi lançado o “Dossiê dos impactos e violações da Vale no Mundo”. O documento, que nasce do I Encontro Internacional dos Atingidos pela Vale, aponta que a mineradora como símbolo de um modelo de desenvolvimento desigual e concentrador.

O auditório Nelson Carneiro esteve lotado. Muitos participantes se sentaram no chão ou permaneceram até mesmo de pé para escutar as denúncias feitas contra a Vale por trabalhadores de diversos países. Representantes do Canadá, Peru e Moçambique, por exemplo, intercalaram seus depoimentos com os de lideranças comunitárias,  movimentos e organizações sociais e sindicais de estados brasileiros.

O dossiê  registra, além dos impactos e violações da Vale, estratégias utilizadas pela empresa para obter lucros e se tornar competitiva. Em janeiro de 2010, o valor de mercado da mineradora chegou a US$ 139,2 bilhões, o que a colocou na 24ª posição entre as maiores companhias do mundo segundo o Financial Times. Frente a essa realidade o estudo, elaborado de forma coletiva, destaca problemas por trás deste crescimento da empresa : custos sociais e ambientais ignorados no discurso e relatórios oficiais da transnacional.

A Vale explora no Brasil e no mundo

Dos diversos casos de violações de direitos cometidas pela Vale no Brasil, José Ribamar falou sobre as cinco grandes siderúrgicas na Estrada de Ferro dos Carajás que afetam diretamente a vida das populações locais. “Nosso povoados estão sendo divididos, nossos rios poluídos. As autoridades locais também não fazem nada”, lamentou.

No Peru , moradores denunciam o uso de milícias armadas e aparatos de segurança ilegal para dividir e amedrontar famílias que se opõem aos empreendimentos. “Fomos supreendidos quando vimos que a Vale contratou criminosos para fazer o trabalho de segurança”, disse José Lezma, camponês da região da Cajamarca e integrante da Frente de Defesa da Bacia do Rio Cajamarquino.

Também deram seus depoimentos o sindicalista James West (Canadá), Jeremias Vunjanhe (Moçambique) e Moisés Silva (Minas Gerais).

A conivência do Estado brasileiro

Virgínia Fontes, da Universidade Federal Fluminense (UFF), também esteve presente à audiência pública. Para ela, a teoria geopolítica de Ruy Mauro Marini, que nos anos 70 abordou o subimperialismo brasileiro, não cabe mais no contexto atual. “Não sei se vocês dimensionam o que está acontecendo aqui. O imperialismo brasileiro está nascendo. As empresas brasileiras se voltam para explorar força de trabalho em outros países”, afirmou a professora.

A conivência do Estado e dos grandes meios de comunicação frente à atuação de empresas privadas como a Vale também foi lembrada. “O Estado brasileiro tem seu papel, um jeito novo, muito sutil, de manter as privatizações. O grande financiador de fusões e incorporações no Brasil é o BNDES”, disse o deputado federal Chico Alencar (Psol). Também compareceram ao evento os deputados estaduais Paulo Ramos (PDT) e Marcelo Freixo (Psol), que coordenou a mesa.

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