A Vale vai ampliar em 1 bilhão de toneladas a possibilidade de extração nas reservas de minério de ferro existentes na Serra Norte de Carajás, no Pará. O licenciamento ambiental de expansões planejadas pela empresa nas minas N4 e N5 deve garantir essa ampliação. “Isso vai nos dar fôlego para mais dez anos de operação naquela região”, disse ontem José Carlos Martins, diretor-executivo de estratégia e ferrosos da Vale. Esse 1 bilhão de toneladas praticamente triplica o volume de reservas hoje liberado para exploração nos “corpos” N4 e N5, de cerca de 600 milhões de toneladas, disse o executivo.
No total, N4 e N5, explorados pela Vale em Carajás, têm juntos volume de reservas de 2,78 bilhões de toneladas. Com a nova licença ambiental, chamada de EIA Global, desse total de 2,78 bilhões de toneladas, a mineradora esta liberada para explorar 1,6 bilhão de toneladas ou quase 60% das reservas na região. O EIA Global está em análise pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a expectativa da Vale é que seja concedido no segundo semestre deste ano. A sigla EIA vem das iniciais Estudo de Impacto Ambiental.
No começo do mês, a Vale conseguiu autorização do Ibama para avançar a lavra no entorno de cavernas na área conhecida como N4E, na mesma Serra Norte. A medida foi bem recebida pelo mercado pois havia dúvidas entre investidores se a empresa conseguiria cumprir a meta de produção prevista para 2014. O mercado considerou a licença um marco e avaliou que o EIA Global permitirá minerar novas áreas nas minas N4WS e N5S. Mesmo com o EIA Global, restará outro 1 bilhão de toneladas de minério de ferro em reservas que encontra-se em áreas impactadas por cavernas. “Tudo o que estamos fazendo está dentro da legislação existente”, disse Martins.
O presidente da Vale, Murilo Ferreira, avaliou que houve um progresso positivo na discussão sobre cavernas. Citou a autorização para minerar áreas adicionais na mina N4, o que apoia, segundo ele, a meta de produção de 120 milhões de toneladas em Carajás para 2014. “E aumenta muito a nossa confiança no programa de desenvolvimento de 2015 para frente.” Não é intenção da Vale, porém, mudar as metas de produção (guidances) fixadas em função das licenças ambientais que vêm sendo obtidas pela empresa.
Ferreira disse também que o programa de desinvestimentos de ativos continuará forte em 2014. A empresa está em tratativas para vender participação societária no Corredor Nacala, ferrovia em Moçambique; analisa a entrada de sócios com participações minoritárias no negócio de carvão e estuda parcerias na área de fertilizantes. Ferreira mostrou-se otimista ainda com a contribuição do negócio de metais básicos para a geração de caixa da Vale. Segundo ele, dependendo do cenário do níquel, essa contribuição pode ficar em um intervalo entre US$ 3 bilhões e US$ 7 bilhões nos próximos anos.
Além das licenças para ampliar as minas em operação na região Norte do país, a Vale está focada em completar investimentos em logística para ampliar a capacidade da Estrada de Ferro de Carajás (EFC).
A ferrovia está limitada a operar com 128 milhões de toneladas este ano, volume que deve aumentar para cerca de 150 milhões de toneladas em 2015, coincidindo com a capacidade de escoamento do terminal da empresa em Ponta da Madeira (MA). O volume de produção e escoamento da região Norte irá crescendo de forma gradativa até atingir 230 milhões de toneladas de minério de ferro por ano. Esse volume considera o S11D, na Serra Sul de Carajás, maior projeto da história da companhia, previsto para entrar em operação a partir do segundo semestre de 2016.
Matéria de Francisco Góes e Rafael Rosas, Valor Online.