A Articulação Internacional dos Atingidos e Atingidas pela Vale realizou no dia 28 de janeiro a live Territórios Minerários: muito além da lama parte 2. O título da live, bem como o objetivo do debate, é um desdobramento do documentário homônimo que lançamos em novembro de 2020, no marco dos cinco anos do rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana-MG. O objetivo foi propor para o conjunto da sociedade uma reflexão crítica para irmos além, literalmente, da lama, abrindo possibilidades de ampliar o diálogo para denunciar os impactos e violações da Vale no mundo.
No total quase 50 pessoas assistiram a live que teve 232 reproduções ao longo da exibição. O debate foi muito potente com relatos de experiência de resistência de Elida Geralda Couto da comissão de atingidos e atingidas de Barão de Cocais (MG), Erika Mendes, ativista e da organização Moçambicana Justiça Ambiental (Moçambique- África), Lionete Feitosa da comissão de atingidos e atingidas da área 4 bacia do Paraopeba (Recanto do Laranjo/Retiro Baixo – Pompéu/MG)e Maria Julia de Andrade, militante do Movimento Nacional pela Soberania Popular da Mineração (MAM).
Entre os temas tratados no encontro estão o processo de reparação de Brumadinho que mostra a privatização de funções públicas e o enfraquecimento do papel regulador do Estado. Um exemplo é o acordo que está em andamento entre a Vale e o estado de Minas Gerais negando a inclusão dos danos coletivos e das medidas emergenciais a partir de propostas pelos atingidos. A situação do medo constante da população atingida pela lama invisível em Barão de Cocais. Socorro, Piteira, Vila do Gongo e Tabuleiro são comunidades rurais que foram expulsos de seus territórios, no dia 08 de fevereiro de 2019, em decorrência do risco eminente de rompimento da barragem da mina de Gongo Soco. Mas que não ocorreu. Mas até hoje as famílias são impedidas de voltar ara suas casas. Terrorismo de barragem e a repetição das violações pelo modelo minerário do capitalismo neoliberal foram assuntos ainda levantados na discussão.
Também esteve no debate o cenário de atuação da Vale em Moçambique, África. A mineradora anunciou neste mês de janeiro que vai vender a sua mina de carvão. Está à procura de comprador, segundo eles, “responsável”. Declararam motivos ambientais como alguns dos que motivaram a decisão, mas o motivo principal é que a mina de Moatize nunca produziu tanto lucro quanto o esperado. O problema está em a empresa deixar o país sem cumprir suas pendências sociais e ambientais. Existem dois reassentamentos da Vale que estão com uma série de problemas nas infraestruturas socioeconômicas de relevo. Além das casas dos reassentados não possuírem direitos de uso de terra.
A live foi gravada e está disponível em nosso canal do youtube