Manoel da Conceição voltou a ser semente, e sua luta continua frutificando

Hoje (18/08), com 86 anos, Manoel da Conceição, o Mané, voltou para a terra em forma de semente. Após internação no Hospital Regional de Imperatriz (MA) com quadro de broncopneumonia aguda, Mané da Conceição faleceu. Ele dedicou a vida à luta contra o latifúndio e o agronegócio.

Manoel da Conceição era maranhense aguerrido e grande incentivador da educação do campo, da luta por igualdade e reforma agrária. Nasceu em 24 de julho de 1935, em um povoado chamado Pedra Grande, que pertencia ao Município de Coroatá (MA). Em 1955, sua família foi expulsa das terras em que viviam há décadas. Depois disso, foram morar em Bacabal do Mearim, em terras devolutas de onde, em 1956, também foram expulsos por um latifundiário que criava gado.

Durante o regime militar iniciado em 1964, ajudou a fundar o Sindicato de Trabalhadores Rurais no Vale do Pindaré. Posteriormente, contribuiu na organização de entidades importantes no cenário nacional, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural (CENTRU). Logo após o golpe, o Exército ocupou a sede da entidade por 60 dias. Naqueles dias, cerca de duzentos trabalhadores rurais da região foram presos e depois liberados.

Apesar da repressão, em 1968 o sindicato tinha 4 mil filiados. Naquele ano, no dia 13 de julho, a polícia invadiu a sub-sede do sindicato em Anajá, e Manoel da Conceição foi baleado na perna direita e novamente preso. Depois de seis dias na prisão, sem tratamento médico, parte da perna gangrenou e teve que ser amputada.

Na época, José Sarney, que era o governador do Maranhão eleito pela UDN, ofereceu-lhe vantagens materiais para que mantivesse o silêncio, mas Conceição se recusou e respondeu com uma frase que ficou famosa: “Minha perna é minha classe”.

Que a bravura e a vitalidade com a qual Manoel da Conceição superou muitos atos violentos, preconceitos, cercas do ódio e do latifúndio, continuem sendo fonte de inspiração. Que o legado e a memória de sua luta alimentem as ações pelo bem-viver.

Manoel da Conceição,
Presente!
Presente!
Presente!


Com informações da Comissão Pastoral da Terra (CPT)
Colagem: Valéria Amorim

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