As atividades da mineradora Samarco foram retomadas no dia 11 de dezembro de 2020 em Mariana, região central de Minas Gerais, cinco anos depois do rompimento da barragem de Fundão. A mineradora obteve inclusive a licença ambiental em 2019 para continuar a extração de minério de ferro. A reativação de suas operações produz junto não somente empregos, mas também problemas, um deles é um processo de reparação cada vez mais distante das necessidades da população atingida. Além disso, com a pandemia da Covid-19 ainda presente este ano, retomar as atividades pode gerar aumento dos casos.
Cerca de um mês depois desta retomada e com a morte por Covid-19 de um trabalhador da Fundação Renova lotado em Mariana, a pesquisa Mineração e Covid-19 divulga hoje (15/01) dados ainda altos neste município e de duas principais cidades da região onde a mineração não parou. O objetivo do estudo é analisar se a rota da mineração colabora na disseminação do coronavírus em Minas Gerais. O ano começou com 307 pessoas diagnosticadas em Mariana e três óbitos, sendo que o município fechou 2020 com 3,2 mil casos. Em Itabirito a realidade da pandemia ainda é pior porque a mineração nem parou por lá. São 635 casos confirmados somente até o período de análise da pesquisa. Já em Itabira, a 105 km de Belo Horizonte, são 483 diagnosticados até o momento, sendo que o município fechou o ano passado com mais de 5,5 mil casos. O mais alto de todas as cidades pesquisadas da região.
E já divulgamos aqui no site da Articulação que no final de maio de 2020, o complexo minerador da Vale em Itabira, foi interditado após fiscais do trabalho terem identificado 200 trabalhadores infectados – 10% do total de funcionários que atuam no local. A pesquisa Mineração e Covid-19 em Minas Gerais é realizada pelo Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), coletivo Margarida Alves e Articulação Internacional dos Atingidos e Atingidas pela Vale (AIAAV) com apoio da Misereor. Neste último estudo foram analisados 22 municípios da microrregião de Itabira e Ouro Preto de março de 2020 até 11 de janeiro deste ano. Os dados analisados foram extraídos dos boletins epidemiológicos da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais e de levantamento em campo.