Mineração não é essencial, a vida sim

A Articulação Internacional dos Atingidos e Atingidas pela Vale repudia a postura dúbia e oportunista da Vale S.A, maior mineradora do Brasil, em meio à crise gerada pela pandemia do Coronavírus.

Por um lado, a empresa tem utilizado a situação para buscar recuperar sua imagem e credibilidade junto aos brasileiros, anunciando, entre outras coisas, ajuda na aquisição de testes rápidos do COVID-19, como anunciado pelo Ministério da Saúde. Como forma de capitalizar sua ação, a Vale informou à Bolsa de Valores de Nova Iorque a “doação humanitária”, numa estratégia de frear as perdas por conta da emergência sanitária global. De igual maneira, a mineradora tem publicizado a utilização de cerca de R$ 5 milhões, anteriormente repassados ao estado de Minas Gerais, para o enfrentamento da pandemia.

Em uma direção oposta, a empresa tem usado a crise como desculpa para demissões como já denunciado pelo Sindicato dos Ferroviários do Espírito Santo e Minas Gerais (Sindfer). Além disso, a mineradora mantém suas atividades extrativas mesmo depois de dois dos seus funcionários já terem contaminação confirmada, um em Minas Gerais e outro no Rio de Janeiro.

Em primeiro lugar, convém esclarecer que o recurso utilizado pelo governo de Minas Gerais no combate à COVID-19 se trata de parte da compensação exigida pelo Estado e pelos órgãos de Justiça diante do rompimento da barragem de rejeito de mineração em Brumadinho, em 25 de janeiro de 2019, crime que completou 1 ano e 2 meses. Dessa forma, não deveria ser objeto de publicidade da mineradora. Também é importante dizer que o apoio do setor privado no combate à pandemia é mais que uma obrigação dessas empresas que lucram bilhões com suas atividades produtivas e que historicamente sonegam impostos que poderiam ser direcionados à manutenção e ampliação do Sistema Único de Saúde (SUS). É importante mencionar que as buscas pelas 11 pessoas que até hoje estão desaparecidas na lama tóxica da Vale foram interrompidas devido ao coronavirus.

Finalmente, se deseja ser coerente com o atual momento de crise e contingência pelo qual passamos, é urgente que a mineradora pare os seus trabalhos, objetivando assim proteger a vida de seus trabalhadores e suas famílias. Nesse sentido, os trabalhadores da mineração têm exigido a aplicação de licenças remuneradas e liberação imediata dos trabalhadores, garantindo a estabilidade dos empregos, o uso de equipamentos de proteção individual e adoção de protocolos de prevenção para os trabalhadores que continuarem a desempenhar tarefas, bem como a higienização e desinfecção dos espaços de trabalho. Para além do risco de contágio do coronavírus nas áreas de operação das minas, deve-se considerar as aglomerações nos ônibus que transportam os trabalhadores e nos refeitórios.

É indispensável ainda que a empresa disponibilize todos os recursos necessários para que os municípios altamente dependentes economicamente da mineração possam manter receitas suficientes para enfrentar a pandemia. Dessa forma, defendemos a manutenção do recolhimento da CFEM (Compensação Financeira pela Exploração de Minério) no nível prévio à paralisação das atividades, para garantir a receita dos municípios minerados. Vidas estão acima do lucro.

Últimas notícias

Votos das Acionistas Críticas 2024

Votos das Acionistas Críticas 2024

A Articulação Internacional dos Atingidos e Atingidas pela Vale (AIAAV) lança hoje (06/12) o Cadernos de Votos das Acionistas Críticas compilando os votos apresentados e 2024 durante a Assembleia Geral de Acionistas realizada pela Vale. Os votos são apresentados na...

Articulação Internacional dos Atingidos e Atingidas pela Vale (AIAAV)
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.