Nota sobre eleições do Conselho de Administração da Vale

O que de fato é o conselho de administração da Vale, pra que e a quem servem essas eleições?

Na semana dos dias 7, 8 e 9 de fevereiro irá acontecer a eleição do representante dos trabalhadores para o Conselho de Administração da Vale. Em primeiro lugar, pouquíssimos trabalhadores se interessam por essa eleição ou de fato sabem para que serve. Tanto que em pleno embate, quando poucos sindicatos estavam lutando contra o aumento da jornada de trabalho de 6h para 12 horas, pouco se falava dessa luta em nível nacional pelos seus conselheiros trabalhadores ou mesmo contra os ataques da Vale às comunidades e o crime das barragens em Mariana e Brumadinho. Mas, com certeza, esse assunto foi discutido no conselho de administração, segundo o próprio relatório de administração da Vale.

O Conselho da Vale, para os companheiros que ainda não saibam, é, como a própria Vale diz em seu site, “elo entre os acionistas e a gestão da empresa”. É composto por 13 conselheiros, sendo 12 escolhidos pelos fundos de ações (com forte influência de fundos estrangeiros e do Bradesco) e 1 “levantador de mão”, muito bem remunerado (próximo a R$ 40 mil reais), escolhido pelos empregados.

Mas por que ter um representante dos trabalhadores enfiado lá no meio?

Para dar legitimidade às decisões dos acionistas e os diretores, também escolhidos pelos acionistas. E não só isso: foi a forma que a Vale encontrou depois de sua privatização para cooptar (comprar) dirigentes sindicais e dar um “tom democrático” nas decisões da empresa, que não tem nada de democrática.

Fato é que as eleições do Conselho têm pouco ou nenhum significado para a vida da categoria. E na nossa opinião é assim porque, de fato, é um campo da Vale e que infelizmente parte importante do movimento sindical da Vale compactua com a canalhices da empresa.

Percebam, em primeiro lugar, o peso dos trabalhadores no conselho da Vale não VALE NADA. Segundo, não tem nenhum controle dos trabalhadores desde a junta eleitoral, processos da eleição etc. A representação sempre é a maioria de controle da empresa. Dessa forma, é representante do Conselho quem a Vale quer que seja, e ficou ainda mais claro nesse episódio de ultima eleição, em que quando sai um pouco do controle da empresa e a Vale mudou as regras do jogo para garantir os seus interesses.

Hoje, a própria Vale está apontando uma chapa UNITÁRIA do movimento sindical, que o que nos parece que somente um sindicato, o sindicato METABASE INCONFIDENTES, não entrou nesse jogo. Uma união do antigo conselheiro e o outro setor, que na última eleição teve a vitória retirada a partir de uma manobra da Vale. E agora se apresentam em uma única chapa, que para nós não representa, nesse momento, os interesses dos trabalhadores, mas sobretudo o interesse da Vale, para dar um tom democrático aos seus ataques aos trabalhadores e aos movimentos sociais.

Baixe a nota em PDF aqui.

Nesse sentido, entendemos como uma primeira lição é que hoje, do jeito que é, o conselho da Vale NÃO É um espaço de fato dos trabalhadores e movimentos sociais. Não nos prestamos a ser meramente levantadores de mãos para as políticas e controle dos Donos da Vale. E nesse momento, não vale a pena a disputar e/ou apoiar uma chapa que vai ajudar a Vale a implementar políticas que atacam os trabalhadores e comunidades.

A segunda lição e a mais importante é que temos que destruir o Conselho de Administração e criar um outro, com representações exclusivas dos trabalhadores e comunidades atingidas pela mineração. Uma eleição organizada pelos sindicatos e movimentos sociais que forme esse novo Conselho e que indique uma nova Diretoria operária e popular para a Vale.

Assim, os lucros extraordinários poderiam ser investidos para melhorar a vida da população do país, como saúde e educação, e não para encher o bolso de grandes acionistas gringos e políticos corruptos como é hoje. Nossa tarefa é unificar as lutas dos trabalhadores e organizações dos movimentos sociais para uma mudança de um novo modelo de mineração, 100% estatal sob o controle dos trabalhadores e das comunidades, e não entrar no jogo da Vale para garantir os seus lucros e dos seus acionistas em detrimento de nossas vidas e nossa sobrevivência.

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