Sistemas de saúde em colapso, negação à oferta de vacinas, corte de auxílio emergencial, fome e meio milhão de mortes.
Estes são alguns dados da pandemia de covid-19 no Brasil até o momento. Apesar do cenário catastrófico causado pelo governo negacionista, a mineração não parece sentir nenhum desses efeitos. Pelo contrário: as empresas do setor, especialmente a Vale, seguem extraindo, exportando e aumentando seus lucros.
Em 28 de março de 2020, o Ministério de Minas e Energia publicou a portaria 135, na qual declara a essencialidade da mineração. Uma essencialidade inventada por empresas e entidades do setor, que pressionaram o governo federal até conseguir uma chancela legal para continuar operando à revelia das recomendações sanitárias.
Para as populações de territórios minerados, a declaração de essencialidade representou o aumento da circulação do vírus.
O relatório “Covid-19 em regiões mineradas na Bacia do Rio Doce – Minas Gerais”, publicado no início de junho desse ano, aponta a relação entre a portaria do governo federal e a ampla difusão da Covid-19. Produzido pelo Movimento pela Soberania Popular na Mineração, o MAM, pelo Coletivo Margarida Alves e pela Articulação Internacional dos Atingidos e Atingidas pela Vale, o relatório comprova que nos territórios onde há mineração, os números de contaminação por Covid-19 foram maiores do que em territórios não minerados.
Neste episódio do podcast Vozes que Vale(M)!, para falar sobre a responsabilidade do governo federal e das mineradoras pelo aumento dos casos de contaminação e morte pela covid-19, entrevistamos Luiz Paulo Guimarães Siqueira, biólogo, membro da coordenação nacional do MAM e um dos autores do estudo; Rafael Augusto Gomes, morador e vereador de Barão de Cocais; e a servidora pública Roseni Aparecida Ambrósio Silvério, moradora do município de Santa Bárbara, Minas Gerais.