Placa da Vale avisava detonação em mina antes de barragem se romper, em Brumadinho

A placa dizia que haveria detonação na Mina Córrego do Feijão entre 11h e 12h do dia 25 de janeiro; barragem B1 se rompeu às 12h28 do mesmo dia, deixando mais de 240 mortos.

Uma placa com o aviso de detonação de explosivos dentro da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, com horário anterior ao rompimento da barragem B1 vai ajudar a polícia na investigação da tragédia que matou mais de 240 pessoas neste ano.

No aviso, a placa dentro da mina Córrego do Feijão, onde ficava a barragem que desmoronou, consta a data, 25 de janeiro de 2019, e o horário da detonação, entre 11h e 12h. O rompimento da estrutura foi registrado exatamente às 12h28 do mesmo dia. A veracidade da placa foi confirmada por trabalhadores que prestaram depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Nesta terça-feira (25), a Polícia Civil confirmou a ocorrência de detonação de explosivos na mina da Jangada, no mesmo completo onde fica a mina Córrego do Feijão, antes do rompimento. O delegado de Meio Ambiente de Minas Gerais, Luiz Otávio Paulon, disse que haviam provas desta explosão na cava da mina da Jangada, que fica distante da barragem B1.

Durante entrevista coletiva nesta quarta-feira (26), o diretor especial de Reparação e Desenvolvimento da Vale, Marcelo Klein, afirmou que duas explosões foram feitas no Complexo Paraopeba, mas ambas após o rompimento da barragem. Segundo ele, uma delas foi às 13h33 na mina Córrego do Feijão e outra às 14h30 na mina da Jangada.

O delegado informou, nesta quarta-feira (26), que a equipe de perícia está dedicada em apurar o que causou o rompimento da barragem. Segundo Paulon, podem ser vários fatores combinados.

“O horário das explosões será importante caso a perícia determine que a causa [do rompimento] foi a detonação”, disse.

Luiz Otávio Paulon disse que vários fatores são apurados, como talvez alguma erosão dentro da barragem, liquefação, que é o acúmulo de água dentro da estrutura, ou até as explosões. Ainda segundo ele, a liquefação, caso tenha acontecido, pode ainda ter como um dos fatores causadores as detonações. Mas tudo isso ainda está sob investigação e não há prazo para o fim do trabalho da perícia.

Por meio de nota, a Vale voltou a dizer que as detonações são inerentes ao processo minerário, mas afirmou que as duas explosões foram feitas dentro do complexo depois do rompimento da barragem B1 em horários que já estavam programados.

Obras de reparação da Vale

A mineradora anunciou, em entrevista coletiva nesta quarta-feira (26), que vai gastar aproximadamente R$ 1,8 bilhão em obras na Mina Córrego de Feijão. O objetivo é garantir a segurança geotécnica das estruturas remanescentes no local.

Segundo a Vale, as obras devem mobilizar 2,5 mil trabalhadores. Entre as intervenções estão previstas a construção de mais de 20 estruturas de contenção. As estruturas têm a função de reter sedimentos mais grossos e diminuir a velocidade da água que desce pelo ribeirão Ferro-Carvão.

Uma das preocupações é a lama no Rio Paraopeba, que abastece muitas cidades mineiras. Segundo a Vale, desde o dia 27 de maio o rio não recebe mais rejeitos vazados na barragem. A previsão é que, em 2023, 80% da bacia do Paraopeba estejam recuperados.

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