Foi lançado no dia 06 de novembro o documentário “Territórios Minerários – muito além da lama” produzido pelas Brigadas Populares e a Articulação com apoio da Misereor. O filme retrata a realidade da comunidade de Antônio Pereira, distrito de Ouro Preto, Minas Gerais, sua relação com o empreendimento minerário da Vale e a luta dos moradores pelo seu território.
Vizinho de Bento Rodrigues, território devastado pelo rompimento da barragem de Fundão em 2015, Antônio Pereira é um dos treze distritos de Ouro Preto historicamente marcado pela mineração predatória. Embora, geograficamente, esteja localizado nas proximidades de Mariana, suas reservas de bauxita, ferro e topázio e a riqueza extraída do seu subsolo estão sob a administração de Ouro Preto desde o século XIX. No entanto, os royalties arrecadados dos imensos volumes de minérios explorados nunca chegaram à comunidade do Pereira, que vive sob o descaso do poder público e sem acesso a serviços básicos.
A vida da comunidade de Antônio Pereira, que já sofria há anos os impactos da mineração, mudou completamente desde que a mineradora Vale S.A iniciou, em fevereiro deste ano, o processo de descaracterização (processo pelo qual a estrutura de uma barragem é reincorporada ao relevo e ao meio ambiente) da barragem Doutor, no complexo Timbopeba, e a remoção de 78 famílias da Zona de Autossalvamento (ZAS).
A situação de vulnerabilidade da comunidade se agravou com a pandemia de coronavírus, uma vez que a mineradora, além de não ter paralisado suas operações, deu continuidade ao processo de remoção das famílias, desrespeitando todas as medidas de segurança da Organização Mundial da Saúde (OMS). As famílias são desalojadas pela empresa, ou saem de suas casas por medo, e assim as empresas mineradoras lucram cada vez mais com o território das populações que vivem no entorno das barragens.
A produção deste documentário faz parte da série de atividades do marco dos cinco anos do crime em Mariana pelo grupo minerário Samarco/Vale/BHP Billiton completados no dia 05 de novembro em 2020.
Ficha técnica:
Direção e roteiro: Ana Malaco
Produção: Renato Sacramento e Rayele Sacramento
Cinegrafistas: Raquel Satto e Igor Azevedo
Edição: Uriel Silva