A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da barragem da Vale, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, ouviu, nesta segunda-feira (24), duas testemunhas que falaram sobre a detonação de explosivos na Mina do Córrego do Feijão no mesmo dia do rompimento da barragem, em 25 de janeiro.
O depoimento dos dois foi divergente em relação aos horários desta detonação. Um dos depoentes, Eiichi Osawa, mecânico que prestava serviço pra Vale, disse que a detonação teria ocorrido a aproximadamente um quilômetro da barragem por volta das 12h20 e das 12h40. Ele disse que estava de frente para o local e que viu a detonação.
Já a segunda testemunha, Edmar de Resende que é funcionário da Vale responsável pela detonação, disse que ela só aconteceu uma hora depois do rompimento da barragem às 13h33. Disse ter sido ele próprio que decidiu executar a detonação, porque era perigoso deixar os explosivos no local.
Alguns deputados lembraram que nos laudos atestados pela Tuv Sud, empresa que emitiu o parecer de estabilidade da barragem, havia a recomendação para não fazer nenhuma detonação na área da cava. Recomendação essa que o funcionário disse não ter sido informado.
“Há constatação de equívocos e omissões cometidas pela Vale. O relatório da auditoria externa recomendava evitar trânsito pesado e detonações na mina próximo a barragem B1. Aqui hoje fica comprovado que essas detonações ocorreram durante todo o ano de 2018, quando foi feita esta recomendação, bem como nos dias que antecederam o rompimento da barragem”, afirmou o relator da CPI, deputado André Quintão (PT).
A Vale informou que as detonações são comuns e inerentes às atividades de mineração. E que no relatório Tuv Sud não existe a recomendação expressa de paralisação das operações das minas.
O funcionário da empresa Tuv Sud Denis Valentin esperado também nesta segunda-feira na CPI conseguiu um habeas corpus e não compareceu à Assembleia.
A Barragem B1 da Mina Córrego do Feijão da Vale se rompeu no dia 25 de janeiro de 2019 provocando um tsunami de rejeitos de minério que matou até o momento 246 pessoas, a maioria trabalhadores da Vale e terceirizados. Vinte e quatro seguem desaparecidos. O rompimento da Vale ainda destruiu bairros de Brumadinho e atingiu o Rio Paraopeba, um dos principais mananciais de abastecimento de água da capital mineira e da Região Metropolitana.