Carta aberta à sociedade sobre dados omitidos pela Vale a seus acionistas

Nós da Articulação Internacional das Atingidas e Atingidos pela Vale (AIAAV), que há 12 anos exercemos ativismo crítico participando das assembleias ordinárias e extraordinárias da Vale S.A., escrevemos a presente carta pública para anunciar a nossa NÃO participação nas assembleias deste ano, realizadas em 29 de abril de 2022.

A nossa ausência é um protesto e uma forma de denunciar as sistemáticas violações de direitos humanos e da legislação ambiental praticadas pela Vale. Registramos que temos colocado essas denúncias a cada ano nas assembleias, exigindo uma resposta oficial da Vale e mudanças nas suas posturas e decisões corporativas. A empresa, contudo, segue sem responder de forma satisfatória a esses questionamentos e sem alterar em nada sua forma criminosa de operação. 

Há mais de uma década denunciamos que a diretoria da Vale S.A omite em seus relatórios e demais documentos institucionais disponibilizados aos seus acionistas e ao mercado, importantes informações sobre suas operações. As informações  omitidas relacionam-se diretamente com o risco desses empreendimentos e passivos socioambientais, bem como revelam uma importante faceta das escolhas da Vale em termos de processos produtivos.

A empresa segue utilizando processos e tecnologias que reduzem os custos produtivos às custas da destruição da natureza, da exploração exaustiva de seus trabalhadores e trabalhadoras e do adoecimento das comunidades que são vizinhas aos seus empreendimentos. A falta de transparência nos documentos da empresa se apresenta de diversas formas, seja  na omissão de informações importantes sobre os impactos de seus negócios, seja na criação de uma “narrativa criativa” para explicar outros fatos.

Deste modo, neste ano, iremos expor nossas críticas à empresa diretamente à sociedade, amplificando, como em outros momentos, do lado de fora da assembleia, as vozes daqueles e daquelas que sofrem direta e diariamente os ônus da atuação da empresa que são invisibilizados nas lindas páginas e comentários dos administradores e diretores.

As vozes daqueles e daquelas que suportam a poluição do ar e da água, o barulho, o deslocamento forçado, a criminalização, a perda dos seus territórios e de sua biodiversidade. Dos atropelados pelos trens de minério, dos que lutam pela reparação e memória dos mortos pela lama das barragens, e os trabalhadores vitimados pela covid-19.

Em última instância, aqueles que produzem ou potencializam toda a riqueza, mas que não têm nada a comemorar quanto aos R$ 121 bilhões que hoje a Vale e seus acionistas comemoram, pois não chegarão a usufruir de sua distribuição.

Leia aqui a carta aberta completa

Últimas notícias

É preciso pisar o chão e ouvir a terra

É preciso pisar o chão e ouvir a terra

A liderança quilombola Anacleta Pires da Silva, do Território Santa Rosa dos Pretos (MA). Foto: Andressa Zumpano Anacleta Pires da Silva é orientada pela terra, de onde brota sua inspiração, força e sabedoria para travar lutas pelo bem-viver coletivo, pelo acesso aos...