A Barragem de Fundão, da mineradora Samarco, se rompeu na tarde desta quinta-feira (5), no distrito de Bento Rodrigues, entre Mariana e Ouro Preto, na região Central do Estado. De acordo com o Corpo de Bombeiros, o acidente aconteceu por volta das 16h.
Duas viaturas da corporação foram enviadas para o local. Valério Vieira, presidente do sindicato Metabase, recebeu a informação de que há pelo menos 10 mortos e 30 pessoas desaparecidas. “A mina de Fábrica Nova, da Vale, foi atingida. Tem muitas casas destruídas e tomadas pela lama em Bento Rodrigues”, afirmou. O número de desaparecidos não foi confirmado pelos bombeiros.
A Barragem do Fundão estava passando por uma obra de alteamento, que é quando a barragem chega a um nível de saturação e não consegue mais receber os rejeitos. As obras começaram no mês de julho deste ano e previam a elevação do nível da barragem. A reportagem de O TEMPO não obteve detalhes sobre a obra e sobre qual a extensão da barragem.
Segundo relatos anônimos de funcionários da Samarco, por volta das 14h30 houve tremores de terra no local e, aproximadamente às 16h, a barragem veio abaixo. Ainda segundo depoimentos de funcionários, o clima ficou muito tenso.
Há relatos de que tudo foi muito rápido e um funcionário teria conseguido escapar da morte arrancando rapidamente o carro, que foi perseguido pela lama. Não há confirmação de quantos trabalhadores estavam no local nem se moradores de Bento Rodrigues foram soterrados. O distrito fica em um vale rebaixado, ao pé da barragem de rejeitos, e recebeu uma enxurrada de lama.
Já foram confirmadas duas mortes em consequência do rompimento da barragem. A primeira vítima estava entre os cinco feridos que deram entrada no Hospital Monsenhor Horta, em Mariana, até as 19h30 desta quinta-feira (5).
A assessoria de imprensa da Prefeitura de Mariana informou que o acesso ao local do rompimento da barragem está sendo feito apenas por helicópteros. O prefeito da cidade e o secretário de Meio Ambiente estão na sede da Samarco acompanhando a situação.
Pelo menos dez caixas com medicamentos foram enviados para Bento Rodrigues, de acordo com a gerente da Policlínica de Mariana, Kim Lauenstein. Além disso, pelo menos 50 carros já foram enviados para a área onde a barragem se rompeu.
A reportagem de O TEMPO teve acesso a vídeos que mostram o rastro de destruição visto de um helicóptero e, também, a fuga desesperada de funcionários após perceberem o rompimento. Assista:
Investigação
De acordo com o coordenador de promotorias de meio ambiente, Carlos Eduardo Ferreira Pinto, a situação é gravíssima. “Nossa equipe de combate a crimes ambientais está no local. Amanhã vou fazer sobrevoo, mas já instauramos inquérito. Primeiro passo é minimizar danos, contenção das famílias, quanto contenção de agravamento do dano. Em segundo, identificação das causas, nenhuma barragem rompe por acaso”, afirmou.
Conforme o promotor, quando há rompimento de barragem não é por acaso. “Vamos requisitar, investigar formalmente e apurar o responsável. A sociedade tem que ter a resposta do que houve”, afirmou.
Há suspeita de que os rejeitos da barragem tenham atingido o córrego Fundão, que passa na bacia do Rio Doce, segundo o Núcleo de Emergência Ambiental da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Semad).
Moradores foram orientados a deixar comunidade
A Prefeitura de Mariana informou que, em contato com a assessoria da Samarco, está pedindo aos moradores de Bento Rodrigues que deixem a comunidade e sigam, imediatamente, para o distrito de Camargos “que é mais alto e seguro”.
Segundo Dário José Pereira Junior, morador de Camargos os habitantes da comunidade vizinha ainda não chegaram. Ele conta que três casas no distrito foram atingidas pelo rompimento da barragem. Os moradores conseguiram se salvar, mas perderam carro e outros objetos pessoais. “É um desastre que só você vendo saber como é”, afirmou o morador. Segundo ele, a população está nas ruas, com medo de que o rejeito suba ainda mais. Não há eletricidade. “É pura lama”, contou.
Ainda de acordo com o comunicado, equipes do Corpo de Bombeiros, agentes da Guarda Municipal e da Defesa Civil estão no local. “A Samarco e a Prefeitura de Mariana estão com as equipes no local para auxiliar a comunidade no que for necessário. Segundo informações da assessoria da empresa, no momento não há confirmação de vítimas, e sim danos materiais”, diz a nota.
A assessoria de imprensa da Samarco foi procurada pela reportagem de O TEMPO, e informou que está mobilizando todos os esforços para priorizar o atendimento às pessoas e a minimização de danos ao meio ambiente. “Não é possível, neste momento, confirmar causas e extensão do ocorrido, bem como a existência de vítimas”, diz o comunicado.
Doações para os desabrigados
Os moradores de Mariana estão consternados e já se mobilizam para ajudar aos desabrigados. Um centro de apoio está sendo montado no Centro de Convenções, que fica na região central da cidade, de acordo com a Prefeitura.
Além disso, de acordo com moradores do município, doações também podem ser levadas para o Ginásio da Arena Mariana, que fica em uma área mais distante do Centro. Muita gente já leva mantimentos para o local.