Na última semana, atendendo a um pedido da Vale, a juíza Renata Nascimento Borges, da comarca de Brumadinho, proibiu manifestações na entrada do município e nas portarias de acesso às dependências da mineradora. Quem não cumprir a determinação será multado em R$ 5 mil.
No pedido enviado à Justiça, a mineradora alega que as manifestações comprometem “a continuidade das obras” na cidade. Outro argumento usado pela Vale é de que as manifestações causam aglomerações, o que compromete o combate à pandemia da Covid-19.
Os Atingidos e Atingidas pela Vale repudiam a decisão judicial que viola o direito à livre expressão e manifestação, garantido pela Constituição Federal, e espera que os órgãos revisores possam corrigir essa arbitrariedade contra a população de Brumadinho, já devastada pela tragédia criminosa da qual a Vale é a única responsável.
Sobre a mineradora, cabe ressaltar o dramático atraso nas obras de reparação, não por conta de manifestações, mas devido à protelação da empresa em assumir compromissos com a população atingida.
Finalmente, soa absurdo que a Vale argumente o combate à pandemia da Covid-19, quando se nega a paralisar suas operações, mesmo diante do aumento vertiginoso dos casos de infecção e mortes pelo novo coronavírus nas cidades com atividade de mineração, como é o caso de Mariana e Itabira, ambas em Minas Gerais. Trata-se de um argumento hipócrita, já que a empresa segue colocando a vida de seus trabalhadores, familiares e de toda a sociedade em risco.
No último mês, um conjunto de organizações se uniram em torno da campanha “Mineração não é essencial, a Vida sim!”. O grupo, ao qual se integra a Articulação dos Atingidos e Atingidas pela Vale (AIAAV), questiona as medidas do governo federal que declara a mineração como atividade essencial, e exige que as empresas mineradoras paralisem suas atividades, colaborando, final e efetivamente, com o combate da pandemia da Covid-19.